Recarga de veículos em condomínios antigos desperta preocupação

O mercado de carros elétricos no Brasil cresce significativamente. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2025, cerca de 400 mil veículos eletrificados já circulavam pelas ruas brasileiras, representando 7% da frota nacional. Apenas no primeiro trimestre de 2025, 39.924 unidades foram emplacadas, um aumento de 10,62% em relação ao mesmo período de 2024. Em Alagoas, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), a frota total de veículos é de 1.190.963, sendo 429.038 apenas em Maceió. Já os elétricos e híbridos chegam a 4 mil em circulação no estado. Quanto ao abastecimento deste tipo de veículo, existem cerca de 50 estações de carregamento entre públicas e privadas na capital alagoana.

A polêmica do perigo de uso de pontos de recargas em garagens de condomínios residenciais se espalha pelo país. Órgãos competentes discutem o assunto, mas faltam informações sobre o papel de cada um.


Polêmica à parte, o fenômeno não pode ser ignorado e cada vez mais é comum ver empreendimentos imobiliários mais novos e estabelecimentos comerciais adotarem pontos de recarga próprios, como forma de atrair compradores e clientes. Por outro lado, existe o fato de que condomínios mais antigos não têm o preparo para receber carregadores e negam a instalação de tomadas aos moradores, mesmo que eles se proponham a fazer as adaptações necessárias.


O assunto ganhou o noticiário nacional depois de o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Sergipe (Crea-SE) emitir nota com parecer técnico alertando sobre incêndios envolvendo baterias de íons lítio. É que, segundo especialistas, recarregar carros elétricos em garagens de edifícios, inclusive em subsolos, pode colocar em risco a vida de quem faz uso do espaço.


O parecer levou o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) a instaurar no dia 10 deste mês uma notícia de fato com envio de ofício ao Corpo de Bombeiros Militar (CBMAL) pedindo esclarecimentos técnicos sobre recarga de carros elétricos em Alagoas. “É preciso que acendamos o alerta e já nos antecipamos para trabalhar a prevenção. No Brasil, ainda não há uma legislação federal que discipline isso, mas a venda de carros elétricos é crescente e os proprietários têm utilizado esse formato para recarregar seus carros, apenas usando as tomadas dos prédios”, destacou o promotor de Justiça Jorge Dória.


A assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros afirmou que a liga BOM (Liga Nacional de Bombeiros) instituiu uma comissão com dois militares de cada estado para fazer a regulamentação da situação de carregamento de veículos elétricos. Porém, disse, essa comissão ainda está em estudo. Assim, não existe uma legislação já feita para falar sobre. O que tem é o estudo em andamento para que essa legislação saia o quanto antes. Inclusive, a dupla de Alagoas que compõe a comissão é formada por um engenheiro elétrico e especialista em incêndio e um especialista em segurança do trabalho.


Embora no Brasil não haja uma lei geral sobre carros elétricos, existem regulamentações e iniciativas que os afetam, desde normas técnicas de segurança até incentivos tributários e legislação municipal que exige a instalação de pontos de recarga em novas construções.


A assessoria da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade) informou que, por ser um assunto novo, não existem muitas notícias de casos ocorridos. Por conta disso, os dados ainda são poucos. Mas adiantou que especialistas estarão em breve em Alagoas para promover evento no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-AL) para discutir sobre o tema, quando estarão à disposição para esclarecimentos.


O Crea de Alagoas, inclusive, afirmou haver um grupo de estudo e trabalho voltado para o acompanhamento das questões relacionadas à eletromobilidade, considerando que ainda não há uma normatização nacional específica sobre o tema.


“A Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do Crea-AL, em conjunto com as Câmaras Especializadas de Engenharia Civil e de Segurança do Trabalho, vem debatendo o assunto em parceria com o Corpo de Bombeiros de Alagoas, Sinduscon, Ademi e Clube de Engenharia. Em breve, será lançada uma cartilha orientativa, desenvolvida com a colaboração dessas entidades e do próprio Corpo de Bombeiros, com o objetivo de fornecer diretrizes técnicas e seguras para essas instalações”, afirmou, por meio de sua assessoria.


Não há dados concretos sobre o número de condomínios com pontos de recarga para veículos elétricos em Alagoas, nem mesmo na capital.


De acordo com a assessoria do governo do Estado, não há veículos elétricos na frota dos órgãos da administração estadual, embora haja a pretensão de se adotar “novas políticas relacionadas à aquisição de veículos próprios (elétricos), ou até mesmo instruir modelos de processos licitatórios que priorizem também contratações desses modelos, e similares, assim como também, decorrente desse estudo e planejamento, aprimorar os equipamentos estaduais para que possa atender essa nova demanda”, esclareceu.


E acrescentou que foi pensando nas principais dificuldades que existiriam com a inserção de veículos elétricos na frota estadual, que se faz necessário planejar também os pontos de recarga, viabilidade, e melhoria dos equipamentos patrimoniais, com intuito de ter êxito na execução dessa nova proposta de política de gestão.

Maceió conta com 50 estações de recarga

A cidade de Maceió conta com 50 estações de recarga para veículos elétricos, pontos de recarga e eletropostos. Inclusive, o primeiro eletroposto de recarga rápida para carros elétricos na capital alagoana (parceria Equatorial e Prefeitura de Maceió) foi inaugurado em maio de 2022. A estação instalada no Corredor Vera Arruda, na Jatiúca, também serve para recarregar bicicletas elétricas, que poderão ser utilizadas gratuitamente.


De acordo com a Equatorial Alagoas, o eletroposto instalado no Corredor Vera Arruda faz parte de um Projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “O objetivo principal do projeto foi fomentar o uso de veículos elétricos, além de acompanhar indicadores técnicos como o consumo de energia, a eficiência do carregamento e os impactos na redução de emissões de CO₂, contribuindo assim para o desenvolvimento de soluções sustentáveis no setor elétrico.


Por se tratar de um projeto de caráter técnico-científico, o eletroposto não tem como finalidade a ampliação da rede de atendimento para veículos elétricos no estado”.

Benefícios fazem crescer número de usuários

- Os carros elétricos oferecem uma série de benefícios que têm atraído cada vez mais consumidores brasileiros. Entre os principais estão:

- Economia de combustível: a transição para a eletricidade reduz significativamente os custos de abastecimento;

- Redução de emissões: veículos elétricos não emitem gases poluentes, contribuindo para um ar mais limpo e um menor impacto ambiental;

- Baixo custo de manutenção: como possuem menos componentes mecânicos, os carros elétricos demandam menos manutenções preventivas;

- Incentivos fiscais: muitos estados oferecem reduções ou isenções de IPVA e outras taxas para quem opta por veículos elétricos ou híbridos.